O médico que investiga e/ou trata gordura no fígado é o gastroenterologista, a Dra Carolina Dias é gastroenterologista e vai te ajudar a resolver a sua queixa.
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Você já ouviu falar em gordura no fígado? Apesar do que muitos pensam, não é apenas uma gordurinha sem importância… Deve ser valorizada, acompanhada e em um cenário ideal: eliminada! Vem comigo descobrir mais sobre esse assunto.
O QUE É?
A esteatose hepática, também conhecido como fígado gorduroso ou gordura no fígado, é definida pela infiltração de, pelo menos, 5% das células do fígado (hepatócitos) por gordura. Tal infiltração gordurosa leva à inflamação fígado, quadro também chamado de esteato-hepatite, que quando associada a disfunção metabólica, leva o nome de MASH (antigo NASH), que culmina no fígado gorduroso propriamente dito conhecido como doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica, ou apenas MASLD (metabolic-dysfunction-associated steatotic liver disease) em inglês.

EPIDEMIOLOGIA
A esteatose hepática metabólica é uma das condições hepáticas mais prevalentes nos países ocidentais, afetando aproximadamente 30% dos adultos. Na América Latina, essa prevalência é ainda mais significativa, atingindo cerca de 44,4% da população. Em pacientes com diabetes tipo II, essa condição pode afetar até 70% dos indivíduos. Nos Estados Unidos, ela figura como a segunda principal causa de transplante hepático e a terceira causa de hepatocarcinoma (câncer de fígado). Embora seja mais comum em pacientes obesos e/ou com síndrome metabólica/diabetes mellitus (DM), estima-se que entre 7% e 20% dos indivíduos magros também possam ser afetados por essa condição.
Estima-se que 40-100% dos indivíduos portadores de fígado gorduroso sejam assintomáticos. Deve-se atentar para uso de drogas, medicações, exposição a toxinas ambientais e antecedentes epidemiológicos associados aos vírus da hepatite. Sempre investigar o consumo de álcool, observar se houve ganho de peso nos últimos anos e piora de parâmetros metabólicos, como glicemia, colesterol e triglicérides.
TENHO OU NÃO GORDURA NO FÍGADO?
Para responder essa pergunta é necessário o acompanhamento com o gastroenterologista. A Dra Carolina Dias é gastroenterologista, membro titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia e membro do corpo clínico da equipe de gastroenterologia do Hospital Felício Rocho.
É a médica ideal para te auxiliar nesta investigação que engloba alguns métodos como:
Exame de imagem (geralmente ultrassonografia) sugestivo de esteatose
ou
Biopsia com esteatose em mais de 5% das células do fígado
Associados a um ou mais destes cinco critérios:
- IMC ≥ 25 kg/m² [23 kg/m² – asiáticos] ou circunferência de cintura >94 cm (homens) ou 80 cm (mulheres);
- Glicemia jejum ≥ 100 mg/dL, ou glicemia 2 horas pós-dextrosol ≥140 mg/dL ou HbA1c ≥ 5,7%, ou diabetes tipo 2 ou tratamento para diabetes tipo 2;
- Pressão arterial ≥ 130×85 mmHg ou uso de anti-hipertensivo;
- Triglicérides ≥ 150 mg/dL (≥ 1,70 mmol/L) ou tratamento medicamentoso específico;
- Colesterol HDL plasmático ≤ 40 mg/dL, para homens; e ≤ 50 mg/dL, para mulheres; ou tratamento medicamentoso específico.
AVALIÇÃO DO PACIENTE COM FÍGADO GORDUROSO
Após o diagnóstico é recomendado fazer uma investigação para excluir outras causas de gordura no fígado, avaliar risco cardiometabólico e também o consumo de álcool.
É aconselhado que se investigue gordura no fígado em pacientes obesos, diabéticos, com 2 ou mais fatores de risco metabólico ou que tiveram nos exames de rotina, alterações em exames do fígado.
Exames de imagem: o ultrassom (US) é o exame de imagem mais utilizado para se avaliar presença de gordura no fígado, se houver dúuvida, a ressonância magnética (RM) de abdome pode ser realizada para esclarecimentos.
Testes não invasivos: Existem alguns scores como FIB-4, APRI, NAFLD fibrosis score, Fibrotest, dentro outros, que podem ser calculados através de calculadoras que usam os exames de sangue como parâmetros. Com esses scores podemos inferir se a gordura já está “inflamando” ou “fibrosando” o fígado em algum grau. Alguns métodos de imagem também nos auxiliam e são eles: Elastografia por RM, e outros que lembram um US como o Shear wave, Fibroscan.
Atualmente se recomenda a realização de pelo menos 2 métodos para avaliação, sendo o FIB4 um score muito utilizado no nosso meio.
Valores de FIB4 < 1,3 nos deixam relativamente tranquilos e nos levam a pensar que não existe fibrose hepática. Valores entre 1,3 e 2,67 colocam o paciente em uma zona indeterminada e é recomendada a realização da elastografia para melhor avaliação do quadro. E valores de FIB-4 > 2,67 sugerem já a presença de fibrose avançada.
Resultados de elastografia com rigidez < 5 kPa na ausencia de alterações laboratoriais ou <8,2 kPa afastam fibrose. Resultados > 12,1 kPa sugerem fibrose avançada em cerca 80% dos casos.
Testes invasivos: A biópsia hepática pode ser solicitada em algumas situações como:
– Pacientes com suspeita de MASH, mas com necessidade de se excluir outra doença que possa acometer o fígado.
– Pacientes com exames hepáticos elevados por longa data, sem redução mesmo após emagrecimento e controles glicêmico e metabólico, dentre outras situações.
A análise da biópsia hepática vai nos ajudar a diferenciar a esteatose simples da MASH, além de deixar mais claro o grau de esteatose e fibrose presentes no fígado e se há outra doença contribuindo para a piora hepática.
DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS
5 doenças que devemos excluir em um caso de fígado gorduroso, dentre outras:
- Hepatite B
- Hepatite C
- Hepatite Autoimune
- Deficiência de alfa-1 antripsina
- Hemocromatose
EVOLUÇÃO DA DOENÇA
O fígado gorduroso pode evoluir para cirrose, mesmo se o paciente nunca tiver consumido bebida alcoólica na vida. Além disso, existe um risco maior que o da população em geral para desenvolvimento de hepatocarcinoma ou HCC (câncer de fígado) nesses pacientes, mesmo que o fígado ainda não tenha evoluído para cirrose.
A principal causa de morte de pacientes com MASLD é cardiovascular e propriamente hepática.
TRATAMENTO
O controle de fatores metabólicos como a dislipidemia, a obesidade e o diabetes são peças-chave no sucesso do tratamento. Pacientes com valores de FIB4 < 1,3 e rigidez hepática reduzida podem ser tratados com mudança do estilo de vida e emagrecimento, já os que apresentam esses scores elevados podem necessitar de tratamento medicamentoso.
É importante lembrar de avaliar o risco cardiovascular nesses pacientes e avaliar a prescrição de estatina, a não ser nos pacientes cirróticos descompensados.
Além disso,
-Pacientes com scores e rigidez hepática baixos:
Um emagrecimento de 10% em pacientes com sobrepeso ou obesidade já pode levar a melhora da inflamação e até da fibrose hepática. Lembrando que a prática de atividade física de moderada intensidade, superior a 150 min/semana ajuda a sustentar a perda de peso e a melhora do quadro metabólico e hepático.
Pacientes magros com MASH devem objetivar uma perda de peso de 3-5%.
-Pacientes com scores e rigidez hepática moderados a elevados:
Pacientes com FIB4 > 2,64, rigidez hepática > 12 kPa e fibrose ≥ F2 podem se beneficiar de tratamento medicamentoso que objetivam perda de peso e redução da inflamação hepática.
Lembrando que doses, indicações e tempo de uso são individualizados e para isso seu médico deve ser consultado, já que uma medicação pode ser mais assertiva para um paciente e não para outro a depender das características, composição corporal, gênero e alterações laboratoriais de cada um.
A cirurgia bariátrica pode ser considerada em pacientes com IMC > 40 kg/m2 e naqueles com IMC > 35 kg/m2 associado a outras doenças.
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E você? Fez algum exame que mostrou gordura no fígado ou conhece alguém com esse diagnóstico? Agende uma consulta e vamos fazer um acompanhamento especializado!